Em outubro de 2003, quando o icônico Concorde aterrissou pela última vez no Aeroporto de Heathrow em Londres, a era dos aviões supersônicos parecia ter chegado ao fim.

Em 1976 o Concorde fez sua estreia, causando um grande impacto no cenário mundial, onde foram realizados dois voos inaugurais simultâneos: um operado pela British Airways saindo de Londres para o Bahrein; e outro, operado pela Air France, saindo de Paris com destino ao Rio de Janeiro.

Capaz de voar com duas vezes a velocidade do som, isto é, com 2.200km/h, a viagem de Concorde reduziu consideravelmente a jornada de Londres a Nova York que passou a durar apenas três horas, menos da metade do tempo médio de viagem dos aviões convencionais. Graças a estrutura robusta de fuselagem e potência de motorização, o Concorde voava à altura de 18.300m, permitindo aos passageiros a experência única de ver a curvatura da Terra. Nesta altitude ele também não enfrentava turbulências e nem outros fatores relacionados ao clima.

Quando um avião viaja na velocidade do som, diz-se que ele está na Mach1. O Concorde alcançava a Match 2.02 quando estava sobre o mar, pois não podia viajar no modo supersônico quando voava sobre a terra em função da poluição sonora causada.

FORMATO INCONFUNDÍVEL E PÚBLICO SELETO

O formato inconfundível do Concorde, estreito e pontiagudo, com aerodinâmica diferenciada, as asas em formato de delta e outras tecnologias avançadas colaboraram para o seu desempenho excepcional. Devido aos altos custos para atingir tanta inovação e recursos técnicos, o projeto foi desenvolvido em conjunto entre a Inglaterra e a França. Embora outras companhias aéreas tivessem interesse no Concorde, ele só foi operado pela British Airways e Air France, cada uma com cerca de sete unidades.

Viajar de Concorde era uma experiência diferenciada para um público seleto, já que o preço da passagem era bem superior aos outros voos. Passageiros com elevado poder aquisitivo e empresários de alto nível experimentavam a velocidade incomparável e serviços de luxo, embora com pouco espaço interno.

UM ÚNICO ACIDENTE GRAVE

Foram 27 anos de operação e um único acidente grave, que matou 113 pessoas em Paris no ano de 2000. Até então o Concorde possuía um imaculado padrão de segurança e era uma das aeronaves mais seguras do mundo. Porém no voo 4590 da Air France, durante a corrida para a decolagem, a aeronave passou sobre uma peça metálica que estava na pista. Sendo assim, um dos pneus estourou e atingiu o tanque de combustível. Sem espaço para frenagem, o avião tentou decolar, mas caiu em seguida, perto do próprio Aeroporto Charles de Gaulle.

Depois disso, o Concorde ficou parado por meses até a equipe fazer modificações na aeronave, reforçando os tanques de combustíveis e desenvolvendo pneus mais resistentes. O retorno do Concorde ocorreu meses após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, época que as pessoas estavam com medo de voar. Além disso, os altos custos de combustíveis e restrições de rotas devido ao alto ruído prejudicaram a operação. Também teve início uma crescente demanda por voos econômicos. Em 2003, com dificuldade de manter a aeronave em operação, a Air France e a British Airways anunciaram a retirada do Concorde de operação naquele ano.

Leia mais sobre o último vôo do “pássaro branco”, como os franceses carinhosamente o chamavam: https://www.bbc.com/news/uk-england-bristol-67479172

O AVIÃO SUPERSÔNICO OVERTURE

Em 2019 o cenário mudou, iniciando uma corrida para os aviões que voavam em velocidade maior que o som. Várias novas empresas começaram a trabalhar em projetos de aviões supersônicos, sendo que a americana Boom, com poucos anos de operação, conseguiu desenvolver um projeto de avião de 55 lugares, o Overture, que voaria a duas vezes a velocidade do som, mas com tarifas bem mais acessíveis do que as praticadas pelo Concorde. O Overture tem previsão de sair das linhas de produção em 2025 e algumas companhias como a United Airlines e American Airlines já fizeram seus pedidos.

Apesar de várias semelhanças com o Concorde, o Overture se propõe a oferecer mais espaço nas poltronas, janelas maiores e pretende viabilizar economicamente a operação através de melhor eficiência no combustível. Portanto os saudosos do Concorde provavelmente terão acesso à um avião supersônico em breve.

Fascinados por Transportes

Leia sobre a A-380, o maior avião do mundo: https://fascinadosportransportes.com.br/conheca-o-airbus-a380-o-maior-aviao-do-mundo/

Saiba mais: https://fascinadosportransportes.com.br/a-historia-do-voo-comercial/

Fontes:

SCOTT, Jim. Artemis Aerospace. Tranportation & Logistics International.Vol.11. United Kingdom, 2023.

CANALTECH. Que fim levou Concorde um dos aviões mais incríveis da história?2021.