VIAGENS NO BRASIL SÉCULO XIX

As viagens no Brasil no século XIX se intensificaram com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808. Assim, a movimentação no Porto do Rio de Janeiro tornou-se intensa e lá desembarcavam artistas, comerciantes, cientistas, estudiosos, etc. Vários viajantes escreveram importantes relatos sobre a nossa terra e costumes, portanto, segue depoimento do viajante inglês John Mawe sobre a abertura dos portos:

 ” O mercado ficou inteiramente abarrotado, tão grande e inesperado foi o fluxo de manufaturas inglesas logo em seguida à chegada do príncipe regente, que os aluguéis das casas para armazená-las elevaram-se vertiginosamente. A baía estava coalhada de navios, e em breve a alfândega transbordou o volume de mercadorias. Montes de ferragens e pregos, peixe salgado, montanhas de queijos, chapéus, caixas de vidro, cerâmica, cordoalha, cerveja engarrafada em barris, tintas-gomas, resinas, alcatrão, etc. achavam-se expostos não somente ao sol e à chuva, mas à depredação geral.

Espartilhos, caixões mortuários, selas e mesmo patins para gelo abarrotavam o mercado, no qual não poderiam ser vendidos e para o qual nunca deveriam ter sido enviados”.

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RELATOS DE VIAJANTES ESTRANGEIROS SOBRE AS ESTRADAS DO BRASIL

Assim, naquela época, embora houvesse intensa movimentação nos portos, as estradas de terra receberam poucos investimentos. A seguir, parte do relato de John Mawe, quando percorreu a região de Santos a São Paulo em 1808: 

“uma cena extraordinária e movimentada; em frente à Casa de Guarda havia amplo terreno circundado pela alfândega e outros edifícios, e para aí conduziram mais de cem mulas afim de serem arreadas e carregadas. A docilidade e mansidão desses magníficos animais agradou-nos muito, e a destreza dos almocreves, principalmente dos negros, em arranjar a carga, era na verdade surpreendente”. “A estrada é boa e com bom pavimento, mas estreita, devido às subidas íngremes, em zig-zag, com voltas frequentes e abruptas na ascensão. As tropas de mulas carregadas, que encontramos no caminho para Santos, dificultaram-nos a passagem, tornando-a desagradável, muitas vezes perigosa. Em alguns lugares a estrada atravessa vários pés de rocha, em outros sobe perpendicularmente, conduzindo com frequência a uma das montanhas cônicas, ladeando precipícios, onde o viajante está sujeito a se lançar numa floresta inacessível, trinta jardas abaixo.” (Ref. O Caminho do Mar).

Ainda assim, as viagens do Brasil no século XIX aparecem em outros relatos de viajantes estrangeiros, que descrevem as estradas da época como simples picadas estreitas, sem conservação e em raros trechos com calçamento. A precariedade dos caminhos se agravava em época de chuva e eles se transformavam em atoleiros intransitáveis. Desse modo, obrigando as tropas a permanecerem dias parados até as águas baixarem. Enquanto os animais faziam a travessia a nado, as pessoas e mercadorias atravessavam em embarcações previamente determinadas para aquilo.

Fascinados por Transportes

Fonte: MAWE, John. Travels in the Interior of Brazil. M.Carey: Boston, 1816. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/518722

Leia também: https://fascinadosportransportes.com.br/tropas-de-mulas/

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