BARÃO DE MAUÁ

Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como Barão de Mauá foi um homem de muitos talentos e um dos grandes responsáveis pela industrialização do Brasil, principalmente na infra estrutura de transportes durante o século XIX.

Em 1840 Irineu Evangelista viajou para a Inglaterra e ficou fascinado com as fábricas e o desenvolvimento gerado pela Revolução Industrial. Na volta, percebeu o potencial de crescimento do Brasil e da necessidade de industrialização e investimentos em infraestrutura. Embora jovem, Irineu Evangelista já tinha conseguido acumular uma pequena fortuna graças a seu trabalho. Decidido a dar vazão ao seu lado empreendedor, constatou a importância da infraestrutura naval, e um de seus primeiros negócios foi a aquisição do Estaleiro de Ponta de Areia, RJ.

ESTABELECIMENTO DE FUNDIÇÃO E ESTALEIROS DA PONTA DE AREIA

Em 1846 Irineu Evangelista de Souza adquiriu uma pequena e falida fundição de construção naval em Ponta de Areia, Niterói, local onde se concentravam os estaleiros e empresas do setor. O Barão de Mauá renomeou para Estabelecimento de Fundição e Estaleiros da Ponta d’Areia, investiu na empresa que estava em situação precária com o dono anterior, e passou a produzir dezenas de embarcações. Sendo assim, em pouco mais de 10 anos a empresa construiu 72 embarcações, a vapor e a vela. A empresa produziu inclusive para a Marinha Imperial, posteriormente se tornou o Estaleiro Mauá, e foi o nascedouro da construção naval do país. Além da alta empregabilidade, a empresa trouxe avanço tecnológico para o Brasil e a criação de uma Marinha Mercante autenticamente brasileira. O Barão de Mauá é hoje o Patrono da Marinha Mercante Brasileira.

Barão de Mauá história ferrovias

COMPANHIA DE NAVEGAÇÃO E COMÉRCIO DO AMAZONAS

No final dos anos 1850 houve forte pressão norte-americana para obterem a liberação para navegar pelos rios amazônicos. A ocupação da Amazonia virou uma questão de soberania nacional e o governo imperial abriu uma licitação concedendo benefícios a empresários nacionais para a navegação a vapor, mas após meses de anúncio, ninguém se interessou em investir em um empreendimento distante e arriscado. Em 1853, após muita negociação, Mauá começou a operar com a navegação a vapor na região.

A navegação a vapor representava um grande progresso para a região, pois encurtaria as distâncias, controlaria rotas de comércio de maior fluxo, facilitaria o serviço de correio postal e estimularia o comércio. Porém a navegação a vapor exigia investimentos altos nas embarcações, pontos de abastecimento de carvão, manutenção, pessoal treinado, etc.

A ESTRADA DE FERRO MAUÁ

Em 1854 foi inaugurada a primeira ferrovia brasileira que ligava o Porto de Mauá a Fragoso, no Rio de Janeiro, e possuía 14,5km de extensão. Portanto, naquele dia D. Pedro II concedeu o título de Barão de Mauá a Irineu Evangelista de Souza. A locomotiva recebeu o nome de Baronesa, em homenagem à sua esposa. Anos mais tarde ele receberia o título de visconde, mas o primeiro título de nobreza ficou mais associado a ele.

A Estrada de Ferro Mauá permitiu a integração do modal aquaviário com o ferroviário, pois havia trajeto de embarcações desde a Praça XV até um extremo da Baía da Guanabara, no Porto Estrela. A partir daí a ferrovia fazia o transporte até a Raiz da Serra, próximo de Petrópolis.

SÃO PAULO RAILWAY

A São Paulo Railway foi o segundo empreendimento em ferrovia do Barão de Mauá e começou a operar em 1867. Ela foi um marco para a construção de novas ferrovias no Brasil em função de incentivos governamentais. E também foi um notável avanço tecnológico, pois conseguiu transpor a barreira da Serra do Mar.

Os cafeicultores paulistas enfrentavam grandes dificuldades para levar o seu produto da zona produtora até o Porto de Santos. Sendo assim, os tropeiros levavam o café por caminhos rudimentares nos lombos de centenas de mulas. Percebendo a importância de construir uma ferrovia para aquele trecho, o Barão de Mauá e um pequeno grupo conseguiram convencer Dom Pedro II a apoiar o empreendimento. Finalmente, a atual e belíssima Estação da Luz é a antiga sede da São Paulo Railway.

Barão de Mauá Estação da Luz

OUTRAS OBRAS

Além das obras aqui citadas, convém destacar que ao longo dos anos, o Barão de Mauá investiu em incontáveis obras de infraestrutura no país, por exemplo:

  • Companhia de Rebocadores a Vapor do Rio Grande (1847);
  • Companhia Fluminense de Transporte (1852);
  • Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro (1854);
  • Canal do Mangue no Rio de Janeiro (1857);
  • Estrada União e Indústria (1861);
  • Companhia de Carris de Ferro do Jardim Botânico (1862);
  • Instalação do primeiro cabo submarino internacional do Brasil, realizado pela British Eastern Telegraph Company, que conectava o Brasil a Portugal (1875);

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