ESTREITO DE ORMUZ E O GOLFO PÉRSICO

O Estreito de Ormuz está localizado no Golfo Pérsico, entre o Irã e Omã e é a rota marítima mais importante do mundo. Sendo assim, o Estreito de Ormuz liga os grandes produtores de petróelo do Oriente Médio com os consumidores do mundo inteiro.

Além da intensa movimentação de navios petroleiros pelo estreito, ele também é uma região tensa pois de um lado do estreito estão os países árabes, aliados dos Estados Unidos, do outro lado está o Irã, grande produtor de petróleo e arqui-inimigo dos norte-americanos.

O Estreito de Ormuz é um canal apertado de 34km de largura que separa o Irã da Península Árabe. Por ele passa um quinto de todo o petróleo mundial, ou seja, cerca de 21 milhões de barris/dia ou $1,2 bilhão de petróleo/dia. A maior parte do petróleo da Arábia Saudita passa pelo Estreito de Ormuz, e 10% do total mensal de petróleo importado pelos Estados Unidos também é transportado por lá.

Além disso, um quarto de LNG Gás Natural Liquefeito mundial passa por lá. Portanto, o Estreito de Ormuz não é apenas a rota de navegação mais movimentada do mundo. Também é o mais importante gargalo estratégico para o fornecimento mundial de petróleo porque são poucas as alternativas para desviar do Estreito.

IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA NO ESTREITO DE ORMUZ

A principal implicação de segurança na região é referente ao Irã. Quando as nações se encontram sem um claro caminho para alcançar os seus interesses é quando elas são mais perigosas, e está sendo cada vez mais claro que a comunidade internacional precisa entender que o Irã está no precipício de sua crise existencial. Embora seja improvável que a atual instabilidade do regime iraniano altere dramaticamente o cenário à segurança marítima da região no curto prazo, a situação pode mudar caso a comunidade internacional não administre sensivelmente a situação.

TRES AMEAÇAS PARA INSTABILIDADE DO IRÃ

Compreender as questões atuais que o Irã está enfrentando é vital para entender o cenário da segurança regional. No início de 2020, o Irã encarou três ameaças simultâneas para a sua estabilidade em curto prazo. A primeira foi o Covid-19 que impactou os iranianos mais significativamente do que outras nações do Oriente Médio. A OMS reportou 321.000 casos confirmados da doença e 17.500 mortes (até 03.ago.2020) em forte contraste aos números reduzidos reportados pelo Irã. Independente da verdade sobre os números, é razoável dizer que os iranianos encararam uma pressão significativa com o Covid-19.

A segunda crise enfrentada pelo Irã é o contínuo impacto econômico das sanções punitivas americanas. O efeito das sanções fez com que o Irã providenciasse 24 diplomatas e oficiais de defesa para solicitar ao Presidente Trump que relaxasse as medidas. Principalmente as sanções nos setores médicos e humanitários que restringiram a capacidade do Irã de responder ao Covid-19. Assim, o impacto das sanções força o Irã a fazer concessões, que recentemente sugeriu que algumas atividades econômicas restritas devessem retornar, apesar das ameaças do Covid-19.

Finalmente, o recente colapso nos preços do petróleo impactou o Irã e restringiu mais ainda as suas opções econômicas. Embora as alternativas de exportação iranianas estejam severamente limitadas às sanções, o Irã reduziu a severidade do impacto econômico por conseguir exportar para a China e Venezuela.

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IRÃ E O RISCO DE BLOQUEIO DO ESTREITO DE ORMUZ

Sempre que as tensões globais aumentam em relação ao Irã, a mídia reacende o alarmismo da possibilidade dele querer revanche contra os EUA e aliados. Que poderia ocorrer com o Irã cercando navios tanques no Estreito de Ormuz, podendo interromper o suprimento de petróleo e, consequentemente, disparar os preços.

A cúpula do poder iraniano, que jurou retaliação pela morte do líder militar Soleimani, ameaçou fechar o Estreito várias vezes no passado. Sendo assim, se o Irã seguir com ameaças, poderá causar uma grande interrupção no comércio internacional de petróleo. Sendo o Estreito um espaço apertado, qualquer interferência no tráfego de navios tanques pode diminuir o suprimento mundial de petróleo, fazendo os preços dispararem.

Para fechar integralmente o Estreito, o Irã teria que colocar no mínimo 1.000 minas com submarinos. Além disso, colocar navios ao longo do estreito, esforço que levaria semanas.

Interrupção no tráfego de petróleo no Estreito de Ormuz também poderia fazer com que os importadores mundiais de petróleo procurassem fornecedores além do Oriente Médio, reduzindo mais a dependência na região.

A indústria de petróleo do Irã também está sofrendo após os Estados Unidos imporem sanções orientando os países a cessar a importação de petróleo iraniano neste ano.

IRÃ CORTARIA A PRÓPRIA GARGANTA SE FECHAR O ESTREITO DE ORMUZ

Michael Knights, especialista em Oriente Médio falou o seguinte para a revista americana The Atlantic no último mês de maio: “Eles estarão cortando a sua própria garganta se eles fecharem o estreito”.

É verdade que o Irã pode procurar conduzir um ataque marítimo como uma alternativa para o aumento dos preços, entretanto Dryad* continua avaliando que o Irã não possui a capacidade ou determinação de fechar o Estreito de Ormuz.

Saiba mais sobre o também importante Estreito de Malaca: https://fascinadosportransportes.com.br/estreito-de-malaca/

Fascinados por Transportes

Fonte: * Dryad Global. Persian Gulf. Publicado em 2020/2021. Disponível em: https://www.dryadglobal.com/persian-gulf-straits-of-hormuz